segunda-feira, 23 de setembro de 2013

dia 1



From: otohenrique@hotmail.com
To: ander_lc5@hotmail.com
Subject: RE: sobre a formação compartilhada em artes presencias do solo expectativas e
promessas de alejandro ahmed‏
Date: Sat, 21 Sep 2013 00:32:51 -0300
Se fizermos um retorno imaginário aos primórdios da civilização humana, talvez esta fosse uma importante característica para a sobrevivência da espécie, visto que a precária organização civil estaria muito mais suscetível aos perigos do mundo natural que faz parte. Entretanto nosso modo de viver se especializou tanto na produção de (auto)imagens, (auto)narrativas e (auto)discursos que nos encontramos hoje numa situação na qual a diferenciação, enquanto produção do novo, aliada a reprodutibilidade dos meios de informação, estancam quase instantaneamente a fissura que acabara de se formar, para usar esta diferença como matéria de consumo. A informação é uma das peças da grande máquina de representação que com seus órgãos, organismos e organizações suga intensidades e as compacta, formando mais uma peça da engrenagem do dever ser.  Tal cristalização não se dá de modo espontâneo, no sentido de não ser algo que naturalmente é necessário para o convívio social. Ela se dá na medida em que nos tornamos cúmplices, como diria Deleuze: na medida em que nosso desejo é capturado.

Agora, entendendo cristalização como efeito de uma necessidade de auto-regulação da identidade/unidade (aqui visto como acoplamento de processos produtivos que trabalham em função da manutenção de si na relação com o de fora, e não como um ser definido que luta contra outro), como se dá a manutenção da ética no salto entre a micro-política das forças que atravessam uma unidade e a macro-política do corpo social debilitado pelo seu estilhaçamento ainda não reconciliado?

Vlw, bjs.


Oto Henrique
48.9622-6767




From: ander_lc5@hotmail.com
To: otohenrique@hotmail.com
Subject: RE: sobre a formação compartilhada em artes presencias do solo expectativas e promessas de alejandro ahmed‏
Date: Sat, 21 Sep 2013 23:54:03 +0000

a viabilidade de criar ficçoes e a habilidade em tecer metáforas são artificios de sobrevivência do humano enquanto espécie.
a embriaguez do que se entende como sujeito, a embriguez dos muitos auto nos faz deparar em um olhar mais atento não com a certeza de que somos. mas com a certeza de que podemos estar esvaziados de engajamento e que o maior do cúmplice em nosso esvaziamento é aquele que está no espelho quando o encaramos.
a solução (solução?!) não seria encher o vazio. se nosso desejo foi capturado, não devemos tomar o pagamento de um resgate como passo inevitavelmente a seguir.
se em macho e micro escalas temos o desejo capturado, se nosso sujeito se debate entre ter e ser, e se o primeiro tutela uma ficção de controle sobre si enquanto o segundo assinala a possibilidade do perder-se é uma ética da publicaçao, uma ética do como fazer público que parece ser caminho transitório - sempre transitório - do labirinto.
 
 

From: otohenrique@hotmail.com
To: ander_lc5@hotmail.com
Subject: RE: sobre a formação compartilhada em artes presencias do solo expectativas e promessas de alejandro ahmed‏
Date: Sun, 22 Sep 2013 23:47:21 -0300
texto síntese:
Singularidade enquanto efeito de produção de si na fronteira do encontro com o de fora. Porosidade como condição de criação de singularidade.
A singularidade diz respeito a dose necessária de (auto)conservação para que se mantenha a pluralidade do existir. Pois sem ela tudo se torna o mesmo e a diferença se perde, já em excesso perde-se o horizonte do outro e encerra-se no umbiguismo.
engajamento como tecnica para permitir a abertura dos poros que permite o fluxo das forças em devir ativo.
No trabalho de desvendar este engajamento um dos maiores aliados é o tempo, que nos permite abrir a fissura no que está estancado - como a água que fura a pedra - gerindo a coexistência do passado e futuro no momento relâmpago do presente que se racha.
O fantasma é o que se torna visível deste engajamento. Ele é esta coisa borrada que está na fronteira entre o ter e o ser, singular e individual (este enquanto efeito da captura do desejo enfraquecido). Ele é também como a núvem que quando afastada mostra com clareza seus contornos e imagens e quanto mais próxima mais se torna imperceptível.

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