segunda-feira, 23 de setembro de 2013

dia 2

Date: Sun, 22 Sep 2013 15:14:27 -0700
From: belmarry@yahoo.com.br
Subject: Re: texto-labirinto
To: ander_lc5@hotmail.com


Estar junto, dividir um espaço e uma experiência. 
Desafiador e excitante. Um conforto. Um perigo. 
Eu, o outro, o objeto de pesquisa numa rede não hierárquica de responsabilidade. Foco e metodologia, desenvolvimento de técnica. 
Puxar o seu próprio tapete, descobrir novos caminhos. Um caminho que se traça enquanto se caminha, encontrar a direção sem escolher uma flecha cega. 

O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para saiir daqui?Isso depende muito de para onde você quer ir, respondeu o Gato.Não me importo muito para onde, retrucou Alice.Então não importa o caminho que você escolha”, disse o Gato.Contanto que dê em algum lugar, Alice completou.
Oh, você pode ter certeza que vai chegar se você caminhar bastante, disse o Gato.

A experiência e o outro. A experiência de estar junto, de compartilhar e de construir juntos. Construir as ferramentas de um espaço/tempo transitório. Estar atento, poroso, aberto, possível de ser atravessado e afetado.
Eu me pergunto o tempo todo, o que é necessário? o que é suficiente? É um treinamento da percepção e de como se comportar.
A situação emergente só é possível pela manutenção constante dos recursos necessários para a sua permanência. O controle é de outra ordem, e nunca é absoluto. O estado de emergência não comporta rigidez e nem afunilamento na busca de uma perfeição. Estar disponível - requinte e elegância (isso sim é possível). Nessa experiência o que se revela são os modos de operar, é a coisa que acontece. 
A habilidade perceptiva constroe o objeto. Como mater um estado labirinto perceptivo dentro de uma pesquisa? Como gerar a autonomia da pesquisa labirinto?

From: ander_lc5@hotmail.com
To: belmarry@yahoo.com.br
Subject: RE: texto-labirinto
Date: Sun, 22 Sep 2013 23:10:24 +0000

a coisa... lepecki escreve no 9 variaçoões sobre coisas e performance assim:
Como se envolver com a ética, a poética e a política que a alteridade radical da coisa propõe? […]Uma resposta possível é dizer que, talvez, um devir-coisa não seja um destino tão ruim assim para a subjetividade. Quando olhamos ao redor, certamente parece ser uma opção melhor do que continuar a viver e a ser sob o nome de “humano”.A“coisa” nos lembra que organismos vivos, o inorgânico, e aquele terceiro produzido pelo seu confronto chamado “subjetividade”, todos necessitam ser libertados da força subjugadora chamada dispositivo-mercadoria -- força que esmaga a todos num modo da vida empobrecido, ou triste, ou dócil, ou limitado, ou utilitário. E uma coisa (ou seja, a “coisidade” em qualquer objeto e sujeito) pode realmente nos oferecer vetores e linhas de fuga longe da soberania imperialista de dispositivos colonizadores. Para tal, as coisas teriam que ser deixadas em paz, permitindo-lhes assim afirmarem-se coisa, mais uma vez – de forma a combater ativamente a sua sujeição a um regime particularmente detestável do objeto (o regime do dispositivo-mercadoria) e um regime particularmente detestável do sujeito (o regime da pessoalidade-espetáculo) que aprisionam ambos, objetos e sujeitos, em uma prisão mútua (LEPECKI, 2012, p. 97. Grifo meu.).
coisa em lepecki é uma variação despossessão que como estado ocorreria no corpo. como o destino que alice revela (não) desejar ao gato de cheshire, despossuir(-se), fazer-se coisa seria horizonte certeiro em labirinto pantanoso onde certamente uma rainha louca nos cortará a cabeça e algum chá estranho nos será oferecido. mas como alice o horizonte-coisa só vem na medida que entramos no labirinto.como manter um estado labirinto... uma pesquisa labirinto? ler a pergunta escrita faz sentir como a alice gigante que quase se afoga na próprias lágrimas antes de achar a garrafa certa para conseguir passar pela porta.existe essa garrafa certa?a porta pra qual se olha agora parece não estar disposta a dar dicas..mas - por outro lado - depois do labirinto todo é um despertar que eu quero?é melhor ser alice - perdida num labirinto-sonho - ou um gato vadio e sorridente que não se preocupa em sair do labirinto mais do que se preocupa em ser pontual ao chá?

Date: Sun, 22 Sep 2013 21:03:31 -0700
From: belmarry@yahoo.com.br
Subject: Re: texto-labirinto
To: ander_lc5@hotmail.com



Cuidado com as escadas, elas gostam de mudar de posição (J.K.R - Harry Potter)

Corpo sujeito-objeto.
Estar disponível a emergência. Perceber o devir-coisa da ação de um sujeito e se aproximar do devir-coisa da situação.
Um labirinto sem fim. Sem fim porque não há um caminho certo a seguir e não há um objeto determinado a encontrar, sem fim porque ele é reinventado a cada momento e o tempo é irreversível, sem fim porque ele é necessário.
Depois do labirinto eu tenho e sou o que vivi e a potência do que posso viver. 
(a Alice que é grande demais para passar por uma porta - a lagoa de lágrimas que invade a floresta - os animais molhados que correm em círculos para se secarem)
Modo de compreender, modo de operar, modo de viver. Modo coisificar-se, modo labirinto emergente.

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