sábado, 21 de setembro de 2013

dia 1


Date: Fri, 20 Sep 2013 22:26:42 -0300
Subject: Re:
From: renatogrecchi@gmail.com
To: ander_lc5@hotmail.com

Em 20 de setembro de 2013 22:15, Renato Grecchi
<renatogrecchi@gmail.com> escreveu:



esta abertura de fresta no tempo e espaço  que emerge (em algum nível) o fantasma da arte, fora do Real. elementos que (pré)cedem a experiência ou é de fato ela.
 jorge larrosa bondía diz que ``a experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca.`` (2002)
isso me trás a tona logo o estar disposto, o sujeito pronto para levar um soco na boca do estomago. aquilo que nos atravessa, dói. dói porque é uma incerteza que nos deixa á beira, sem uma grade para nos segurar. de fato, é desesperador, talvez sem esse abismo a experiência não ocorra.  o modo é enfrentar, não negá-la. mas como eu enfrento? eu só não absorvo mimetizando, pois a experiência para cada ser-objeto é única, somos cada um identidade única, e nesta embarcam conceitos que
vão além do dna, dentro estão o pensar, o idealizar, o engajar-se, o experienciar-se.
 sse ser exposto ao risco, coloca o corpo em um estado de alerta. sobre o sujeito da experiência larrosa coloca que este é definido ``por sua passividade, por sua receptividade, por sua disponibilidade, por sua abertura. de uma passividade feita de paixão, de padecimento, de paciência, de atenção, como uma receptividade primeira, como umadisponibilidade fundamental, como uma abertura essencial.``
 atravessando a formação de hoje: a entropia esta relacionada a desordem, quanto maior o caos, maior a entropia. quanto mais seres expostos ao risco, em movimento, maior o estado em alerta  estes corpos devem estar.
 mas o caos, pode ser simplesmente o caos pelo estético. ou não, pois de certa forma a ética e estética estão a priori em relação, sendo assim não há uma ausência de um ou de outro, e sim uma pobreza de
ambos. uma pobreza de experiência, que W. Benjamim ressalta no coletivo. uma busca...
 
From: ander_lc5@hotmail.com
To: renatogrecchi@gmail.com
 Subject: RE:
Date: Sat, 21 Sep 2013 01:58:42 +0000

 
por preceder a experiência o fantasma permite que flertemos com o Real.
invariavelmente.
nesse sentido parece ser uma questão ligada a referencialidade: se em nosso sujeito toca, acontece e passa-se a experiência é porque em algum momento esse sujeito se centraliza, como estabilidade e não como mutação; como ordenamento e não entropia; como frear e não devir. por isso que quando levamos o soco na boca do estômago ficamos a beira. quase um a-beira-do-que-entendo-como-eu. seria quase a ameaça de desaparecimento do que tomo por eu que me permitiria ter um experiência. a possibilidade de entendimento que o fim é contingente.
pensamento encantador, instigante, visceral e perigoso.
lembrei da figurinha repetida do corpo sem órgãos deleuzeano, do CsO: corpo que é a pura imanência do desejo. pura matéria gozante. muito diferente de - mas inevitavelmente conectivo - um entendimento do perverso na literatura lacaniana: pura matéria gozante. um corpo infantil que ainda não habita a linguagem, um corpo esquizoide que perdeu seus limites, corpo sadomasoquista, corpo drogado.
vertigem assustadora.
mas quando deleuze fala desse corpo que é desejo em forma de carne fala em lapidar, jamais atacar a machadadas, limar... não lembro qual é a arma cortante, mas de todo modo: a experiência - assim me parece - é um molhar de pés na espuma do mar, não um mergulho na ressaca. de outro modo a referencialidade nos faltaria como o ar a um afogado. aqui o engajar-se é fundamental: que a experiência seja intensa na medida em que transforme e viabilize manutenção da existência. que a experiência seja intensa na medida que não aniquile o que sou. que me desmonte e que em seguida eu possa remontar: ser coisa outra que mantém memória do que outrora já foi. ou que se abra para intensidade e disponibilidade total, mas que esteja ciente de que o aniquilamento será tão ou mais possível que a existência.
supondo que ainda existamos, ética que não implica estética e estética que não contém ética são decalques, ruínas de entendimento, aridez simbólica, mentiras.
assim como a narrativa, ou a representação linearidade não estão no usar de códigos, no reproduzir de passos, mas em como essas coisas operam em mim a certeza que o mergulho no caos é a única maneira de produzir o novo, ou que a liberdade dá conta dos problemas e é o que se almeja são macro-discursos, macro-narrativas daqueles que são chamados outros pelos que não tem dúvida que são cartesianos e que se controlam.
se a igualdade oprime, que se busque a diferença.
se a diferença oprime que se procure a igualdade.
um <3 para boaventura de souza santos e seu permanente lembrete de que a linha é tênue, e quem mais a ameaça não é o outro. mas eu mesmo.
ou a imagem identitária que teima em se grudar a meu rosto e dizer que sou eu.


Em 20 de setembro de 2013 23:31, anderson do carmo
<ander_lc5@hotmail.com> escreveu:

é preciso estar em concordância para estar junto.
 
Date: Fri, 20 Sep 2013 23:34:58 -0300
Subject: Re:
From: renatogrecchi@gmail.com
To: ander_lc5@hotmail.com

concordância no não negar o que te aflige no outro, a partir disso
transformar.
Em 20 de setembro de 2013 23:37, anderson do carmo
<ander_lc5@hotmail.com> escreveu:

concordância em transformar a partir de uma relação de manuseio das
presenças compartilhadas, e não na manipulação e no faz-de-conta que de
fato
se está presente.
Date: Fri, 20 Sep 2013 23:44:37 -0300

Subject: Re:
From: renatogrecchi@gmail.com
To: ander_lc5@hotmail.com


é um estreitamento da consciência de modo que se torne focado no agir,
sem tentar prever mentalmente a ação antes que ela realmente se
concretizar. com este pensamento, e levando ele até ao final é um
suicídio na relação com o outro (seja ele, outro ser-dançante, o
espectador ou o outro-eu).

 Em 20 de setembro de 2013 23:51, anderson do carmo
 <ander_lc5@hotmail.com> escreveu:

é preciso, então, perguntar-se permanentemente de que se está consciente e o
 que pode estar escapando a essa consciência. é necessário estar inteiramente presente: ter o passado como virtualidade e o
futuro como imprevisibilidade.
suicídio é perda de afetação pelo tempo; adiemos o fim da relação com o
outro, como a dança e comigo mesmo.
ou não.
> Date: Sat, 21 Sep 2013 00:08:55 -0300
> Subject: Re:
> From: renatogrecchi@gmail.com
> To: ander_lc5@hotmail.com


 a perda de afetação, leva ao conformismo. não se deixando afetar por
nenhum objeto humano. o que torna cada vez mais distante, cada vez
 mais ausente a autonomia que o ser tem em romper com tempo, criando
uma possibilidade assim de fricção no espaço presente.
From: ander_lc5@hotmail.com
To: renatogrecchi@gmail.com
Subject: RE:
Date: Sat, 21 Sep 2013 03:23:39 +0000
é preciso estar em concordância para estar junto.
concordância no não negar o que te aflige no outro, a partir disso transformar.
concordância em transformar a partir de uma relação de manuseio das presenças compartilhadas, e não na manipulação e no faz-de-conta que se está presente.
é um estreitamento da consciência de modo que se torne focado no agir, sem tentar prever mentalmente a ação antes que ela realmente se concretizar. com este pensamento, e levando ele até ao final é um suicídio na relação com o outro (seja ele, outro ser-dançante, o espectador ou o outro-eu).
é preciso, então, perguntar-se permanentemente de que se está consciente e o que pode estar escapando a essa consciência. é necessário estar inteiramente presente: ter o passado como virtualidade e o futuro como imprevisibilidade. suicídio é perda de afetação pelo tempo; adiemos o fim da relação com o outro, como a dança e comigo mesmo.
ou não.
a perda de afetação, leva ao conformismo. não se deixando afetar por nenhum objeto humano. o que torna cada vez mais distante, cada vez mais ausente a autonomia que o ser tem em romper com tempo, criando uma possibilidade assim de fricção no espaço presente.
a perda da condição de afetar e ser afetado gerencia simultaneamente a superficialidade do imediatismo e o afundar-se da rigidez.
como fazer da minha autonomia uma característica porosa e não de blindagem?
como fazer da minha presença não uma imponência que esvazia meu redor e sim um vestígio que permanece depois de mim?
From: ander_lc5@hotmail.com
To: renatogrecchi@gmail.com
Subject: RE:
Date: Sat, 21 Sep 2013 03:48:25 +0000


mistério sempre há de pinta por ai.

 
 
 

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